sexta-feira, 30 de outubro de 2009

DR.JOÃO ANTUNES,O PADRE,O HOMEM E A LENDA

Continuando a relembrar a ilustre figura do Padre Dr.João Antunes,apresento agora uma sua outra faceta,talvez aquela que perdurou através dos anos,criando a aura negativa que,quer queiramos quer não,durante algum tempo manchou a sua memória.Refiro-me à gula,considerado um pecado só pelo facto de ele ser padre.
Voltemos ao livro de M.Rodrigues dos Santos.
«Ficam para trás episódios demonstrativos de que o Padre-Boi era um bom garfo e se não alimentava do ar.
A faceta que dele mais se recorda é,aliás,a sua gula insaciável.Claro que nunca se bateu com um boi inteiro a uma refeição,contráriamente ao que já se afirmou,mas não falta quem jure que certa vez comeu um cabrito que,assado à boa maneira de alguns restaurantes de Condeixa,constitui,na verdade,um saboroso pitéu.
Foi,aliás,um almoço muito falado que selou o bom relacionamento do padre com o Rei D.Carlos,embora não sendo linear que sempre uma boa mesa ajude a cimentar boas amizades.Atesta-o o que se passou,certa vez,na Figueira da Foz,em casa do Capitão da Marinha Mercante,Manuel Guerra.
Este oficial,a quem o Padre Dr.João Antunes acabara de ser apresentado por um amigo comum,Pedro Pipa Fernandes Tomaz,também bom musicólogo e comilão,caiu certa vez na esparrela de convidar a ambos para um almoço em sua casa.
Sabedor,por experiência adquirida,que Pedro Pipa era um bom comedor,o Capitão Guerra providenciou para que na mesa onde ia sentar os dois convidados consigo e sua mulher,a comida fosse farta,capaz de chegar e sobrar para o dobro das pessoas.
Mas Pedro Pipa sabia,por seu turno,que o Padre Antunes era um comilão impenitente e,prevenindo que o Capitão não se visse confrontado com embaraços,arranjou um qualquer pretexto para se esquivar ao almoço.
Ficaram à mesa apenas os donos da casa e esse seu único conviva.
A entrada foi uma terrina de sopa de peixe.Vieram a seguir,duas grandes pescadas,dois quilos de bifes de cebolada,um peru enorme,queijo,fruta,pudins,arroz-doce e outras iguarias.
Em presença da glutonice do convidado,os donos da casa mal petiscaram ,receosos de que a comida não bastasse,enquanto Padre Antunes punha num repente a descoberto o fundo das travessas,afirmando que «as marmotas»estavam um mimo e que o «passarinho»era uma delícia.
Quase logo aseguir Padre Antunes encontra o amigo Pedro Pipa:"foi uma pena não teres comparecido,porque tínhamos lá"um almocinho de estalo"!
Claro que o casal Guerra não ficou satisfeito com tantos diminutivos e garantiu que lá em casa o Padre Antunes não comeria mais nem uma petinga."Vá comer à remôlha",disse o Capitão Guerra,em desabafo.
Continua

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

FIGURAS TÍPICAS DE CONDEIXA

O Lisboa era um pobre vagabundo,mas excelente pintor da construção civil,que andava sempre embriagado.
Numa noite de chuva,estava ele caído na valeta perdido de bêbado.O Padre Pimenta,pároco da vila,vendo o Lisboa naquele estado,exclamou:
-Que miséria!
O bêbado então respondeu:
-Miséria não,senhor prior,fartura,fartura!-referindo-se certamente à grande quantidade de álcool que tinha ingerido.
Mas na verdade o Padre Pimenta tinha razão.Havia miséria,não só no facto de o Lisboa se embriagar,o que já seria razão suficiente.
Lembro-me de no tempo da 2ª Grande Guerra e logo após esta,ver passar por Condeixa grupos de homens sujos e rotos,que percorriam o país de lés a lés,procurando trabalho.Chamavam-lhes «estradeiros»,nome ainda hoje considerado ultrajante quando aplicado a alguém.Estes homens viviam do que podiam,pedindo ou roubando.Por vezes um ou outro ia ficando pelo caminho,porque arranjava trabalho ou por qualquer outra razão.Certamente seria o caso do Lisboa,de quem não se conhecia qualquer parente.
Ou do André,outra figura típica que nesta terra viveu.Dormia em qualquer buraco,de preferência num terreno desocupado que existia na Avenida.Comia o que lhe davam,mas nunca pedia nada. Por sinal,muitas vezes recusava o que lhe queriam dar,insultando os ofertantes.
Recordo agora um episódio passado com a esposa do Dr.Fernando Rebelo,veterinário municipal,quando esta senhora lhe disse:
-Ó André,passa lá por casa para te dar umas calças do senhor doutor.
O André perguntou:
-Então e o casaco?
-O casaco não,só as calças-respondeu ela.
Ele, pondo aquele ar provocante e alheio a todas as conveniências,disse:
-Vá vardamerda com elas!
Irreverente,rude e mal-educado, este André de quem os garotos como eu tinham um medo atroz,nem se atrevendo a colher os belos figos de capa estaladiça e pingando mel,da carregada figueira junto ao seu miserável tugúrio,quando era suposto estar lá recolhida a sua nauseabunda figura.
Diziam que o André tinha estudos superiores.Era(constava)funcionário bancário e estudante.O banco faliu e ele,apanhado no turbilhão em que a sua vida se transformou.não resistiu.
Como andava sempre sujo e mal cheiroso,um dia,em Condeixinha,as irmãs Cavaca,Soledade e Conceição, juntamente com outras raparigas,conseguiram dar-lhe banho e vesti-lo decentemente.Só que o André adoeceu com gravidade.Teria sido porque o esterco no corpo funcionava como capa protectora contra viroses?

domingo, 18 de outubro de 2009

DR.JOÃO ANTUNES,O PADRE,O HOMEM E A LENDA

(UM EXCERTO DO LIVRO"PADRE BOI NÃO É LENDA",DE M.RODRIGUES DOS SANTOS,EDIÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL DE CONDEIXA-A-NOVA)

-O Padre Dr. João Antunes fixou-se em Condeixa em 1894,onde não tardou a tornar-se notado por uma grande participação na vida comunitária da vila,em muitas e variadas frentes.
À tarefa precípua de titular da Conservatória do Registo Predial,qualidade em que assina o primeiro expediente em 23 de Dezembro de 1895,alia a de coadjutor do pároco da freguesia e de capelão da Casa Ramalho.A sua intervenção nas festividades religiosas traduz-se num papel de garantia do esplendor destas,mediante cânticos que ensaia e sermões que prega ou encomenda a oradores sacros chamados de fora.
Conta-se que um dia em que ia proferir um sermão na Romaria da Senhora do Círculo,onde os camponeses conduziam e ainda continuam a levar os seus rebanhos para os livrar de moléstias,prometeu que ia pôr todo o auditório a chorar.
Num estilo grandíloquo e terrífico,à moda da «Missão Abreviada» então em voga,foi falando sobre as penas do inferno e os pecados que lá conduzem.«E não vos julgueis,caríssimos cristãos,libertos desses pecados que são mais que as caganitas das ovelhinhas aqui à volta»-advertiu num exórdio final.Houve quem sorrisse da liberdade da linguagem,mas não faltaram,também,as lágrimas de muita gente impressionada com o tom patético da perlenga.
A par de situações tão anedóticas como esta,o Padre-Boi levava muito a sério o compromisso de cooperação com a comunidade em que estava inserido,procurando animá-la e levantar-lhe o nível socio-cultural.
Valia-se,para isso,de ideias próprias ou inspiradas de fora.
Vira,em várias cidades capital de distrito,as suas feiras comerciais e industriais e não se conteve que delas não fizesse uma edição resumida para amostragem dos recursos do concelho de Condeixa.Essa amostragem de manufacturas e produtos agrícolas do concelho decorreu de 10 de Maio a 14 de Junho de 1914 com participação de 120 expositores.
Amante da preservação do património construído,atentou na degradação das capelas laterais da Igreja Matriz,que fora incendiada em 11 de Março de 1811 pelas tropas de Massena que batiam em retirada das Linhas de Torres Vedras e que nunca tinha sido por completo restaurada.
Reconstrói então a expensas suas,a Capela de Santa Teresa(nome de sua mãe)e concorre para que idêntico tratamento seja dado à Capela do Senhor dos Passos,animando uma subscrição pública a favor das obras.João Machado,mestre canteiro de Coimbra de grande renome,foi o artista que escolheu para superintender no trabalho de restituir a esses monumentos a traça primitiva do século XVI.
Foi bem conhecida a devoção do Padre Antunes por Nossa Senhora das Dores.É tal a devoção que o leva a edificar uma capelinha dessa evocação,que tem a data de 1906,e se acha actualmente incorporada numa capela maior.
Ele fomentou,com incansável zelo,o culto da Senhora das Dores,dando o exemplo de ir,diariamente,chovesse ou fizesse sol,ajoelhar-se ante as «alminhas» que mandara erguer.Essa prática diária tocou de tal modo a imaginação popular que se chegou a propalar que as covas que se viam no solo envolvente da capelinha eram marcas indeléveis deixadas pelos seus joelhos.
O Padre Dr.João Antunes foi-se rápidamente insinuando na simpatia de pessoas de todas as categorias sociais também pela sua jovialidade e bonomia,e pela disponibilidade para colaborar em diversões populares.
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O Padre Dr.João Antunes não tinha o tamanho duma torre,como já hiperbolicamente se exagera,mas era,de facto,pessoa de estatura muito avantajada.
Não é difícil esboçar o seu retrato físico,por serem muitas e coincidentes as referências a esse respeito por contemporâneos que muito bem o conheceram.Os cronistas da época que dessa figura se ocuparam nos jornais ou em livro,aludem,geralmente,ao seu porte agigantado.
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No primeiro quartel do século XX,ecoaram no País o nome e o canto do Orfeão de Condeixa e a fama do Padre Dr.Antunes,seu fundador e dirigente.Ele era ventilado nas colunas dos jornais a apreciado nas tertúlias de melómanos que o consideravam percursor da divulgação do canto coral ao nível das populações rurais,num processo em que essas populações eram,ao mesmo tempo,agentes e destinatários da mensagem artística.
O Orfeão de Condeixa foi,de facto,o primeiro de caracteristicas populares organizado em Portugal,em cujas cidades e vilas actuou de forma a atrair para a sua terra o prestígio de centro cultural privilegiado.
Ainda João Arroyo se debatia em dificuldades de reactivar o seu Orfeão Académico,eminentemente homogéneo,e já uma vila rural bem próxima da Lusa Atenas conseguia arrancar em beleza com um conjunto tão heterogéneo que integrava,em harmonia perfeita,velhos de 80 anos e crianças de 8 anos,professores primários lado a lado com os alunos,o Juíz da Comarca e o cavador do campo,os donos e os marçanos das mercearias,todos obedientes à batuta dessa abelha-mestra que era a figura carismática do Padre Dr.João Antunes.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

FIGURAS TÍPICAS DE CONDEIXA

Não se pode falar de Condeixa, sem referir as suas figuras típicas. E foram tantas!
A vila, no meu tempo(meados do século XX),tinha fama culinária por três produtos culinários locais,a saber: Escarpiadas;Licor de leite e Cabrito assado. Não raro, deslocavam-se a Condeixa pessoas de outros pontos do país, a fim de saborear estes deliciosos pitéus. Especialmente por ocasião das Festas do Senhor dos Passos, todos os estabelecimentos de comes e bebes da terra fervilhavam de clientes.
E um desses estabelecimentos era o do Zé David, misto de taberna,casa de pasto e mercearia,localizado em frente ao antigo edifício da Câmara.A Ti Celeste,esposa deste comerciante,tinha mãos de ouro para a confecção de cozinhados e a sua especialidade era o cabrito assado. Foi célebre o seu "Cabrito assado com batatinhas porra".
Parece estranha esta designação, mas eu explico: A Ti Celeste fazia sempre e bem o cabrito assado com batatas e grelos.Um verdadeiro manjar do céu! Mulher de genica,quando a clientela era muita , tornava-se brusca.Os clientes,para a ouvir a disparatar,perguntávam-lhe:"Ti Celeste,como é hoje o cabrito?".Ela, agastada com a desnecessária pergunta, respondia"Com batatas,porra!" E assim ficou conhecida e famosa a verdadeira joia da cozinha portuguesa,confeccionada pela Ti Celeste do Zé David,"Cabrito assado com batas porra"!
Esta senhora era sem dúvida uma das figuras da terra. Mas outras existiam.
O João Linhas era aguadeiro,no tempo em que não havia água canalizada.Um dia,João Alcobaça contratou-o para plantar batatas,ou melhor,para meter umas batatas à terra,como certamente lhe terá dito.O João Linhas,malandro como era,levou as palavras à letra e enterrou as batatas todas numa só cova.
O Albino era um cego que vivia na Barreira. Exímio tocador dos sinos da Igreja de Santa Cristina,dava gosto ouvir um repique de casamento ou baptizado e ninguém jamais operou de forma tão magnífica e sentida um dobre de finados.
Embora cego,o Albino deveria ter possibilidade de vislumbrar alguma luz através das pálpebras cerradas,porque quando lhe perguntavam as horas,"olhava"para o céu,colocava a mão abanando sobre os olhos e,invariávelmente,dizia a hora correcta. Ao lado do Café Conímbriga era a loja do Sr. Figueiredo, estabelecimento onde se vendia de tudo,desde jornais até um cálicezinho de bagaço.Já no fim da longa vida,o reumatismo impedia este comerciante de se deslocar.Como era muito engenhoso,inclusivamente reparava relógios,engendrou um complicado sistema de arames e canas da índia,que lhe permitia entregar os jornais sem sair da sua cadeira. Conhecendo o Albino,como toda a gente, a habilidade do senhor Figueiredo,foi fácil convencerem o cego que o velhote também fazia gaiolas para pássaros.Então,o pobre Albino ingenuamente foi à loja e pediu:"Senhor Figueiredo,faça-me uma gaiola,que sou céguinho!"Já se imagina a reacção do senhor Figueiredo,perante este traiçoeiro trocadilho da expressão!
Em frente à Feira das Galinhas,onde hoje é o jardim da Câmara,existiu uma relojoaria/ourivesaria de um senhor também habilidoso,mas excêntrico. Certa vez,construiu duas asas de madeira e tela,disposto a desafiar as leis da gravidade. Foi para uma janela das traseiras da casa,pediu à esposa que lhe levasse o farnel aos Fornos,pois ia voar até lá e lançou-se no espaço,batendo frenéticamente as asas.Infelizmente, ao contrário de Ícaro,nem sequer correu o risco de alcançar o Sol.Mal saltou da janela,estatelou-se no solo,decerto com algumas equimoses mais ou menos graves.
No Outeiro viveu também uma outra figura excêntrica.João da Costa,por alcunha"João Cavaca",era sapateiro de profissão.Certa vez foi atropelado e ficou ligeiramente afectado psicológicamente.Era um homem alto e magro que andava sempre muito direito e ar marcial.De repente parava,levantava os braços e estalava os dedos,dobrando simultaneamente uma das pernas.Depois,seguia imperturbável o seu caminho. Um dia entrou numa loja de ferragens que havia entre a Igreja e o actual edifício da Câmara,estabelecimento da propriedade da familia Pires Machado.À proprietária,D.ª Conceição Pires, que estava ao balcão, ele disse:
-Ó Conceição,dê-me cinco tostões de pregos.
A senhora respondeu:
-Ó Conceição não!Dobre a lingua!
Retorquiu ele:
-Se calhar,quer que a trate por excelência?
Ela respondeu:
- Não sou,mas podia ser!
Ele,fazendo o tal gesto caracteristico e,desinteressando-se dos pregos,respondeu:
-Ora!Também eu...também eu!
De outra vez,um cliente foi à sua oficina buscar um par de sapatos que tinha a reparar. Como não levava dinheiro suficiente para pagar o conserto,disse que pagaria metade e depois iria pagar o resto. Ele entregou apenas um sapato.Perante o espanto do freguês,disse:"Paga só metade?Pois quando pagar o resto,leva o outro sapato!"
O Miguel Atílio,correeiro de profissão,aliás muito habilidoso,era no entanto fiel devoto do deus Baco.Infelizmente para quem necessitava dos seus serviços,e fundamentalmente para ele próprio,passava mais tempo a cozer as bebedeiras que a coser as correias de cabedal.Mas para além disso,era uma figura bastante simpática.Dava a ideia que possuia uma mentalidade adolescente,com toda a irreverência e irresponsabilidade da juventude.Protagonista de vários episódios,conto um que se passou num dia de finados.
O local do cemitério era nesse tempo bastante ermo e escuro.Naquela noite porém brilhava com as luzes de imensas velas,sobre campas e jazigos.No entanto,algumas pobres sepulturas mantinham-se tristes e abandonadas,sem que alguém tivesse a caridade de lhes colocar pelo menos uma flor.Porquê? Não seriam os tristes despojos humanos abrigados nesses pedaços de terra,tão dignos como os restantes,do culto dos vivos? Para esta questão,encontrou o Miguel Atílio a resposta.Retirou algumas das velas e flores que estavam em profusão só em determinadas campas e,reverentemente,colocou-as nas que nada tinham.
Após esta distribuição equitativa,verdadeiro acto de justiça,foi celebrar com considerável quantidade de álcool,indiferente à opinião dos espíritos conservadores que consideraram o seu acto um sacrilégio.
Muitas vezes juntava também um grupo de crianças com o qual ia buscar canas para fazer arcos festivos.Depois percorriam a vila,gritando como se fossem alegre e barulhenta charanga.
É claro que espírito tão livre e indiferente as normas das pessoas sisudas,teria de forçosamente sofrer a incompreensão das autoridades ríspidas.
Junto às grades da cadeia,lá estavam então as suas amigas dilectas,as crianças,conversando alegremente e gizando novas aventuras!
( excerto do livro"Crónicas de um tempo passado",de Cãndido Pereira.)
continua

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

ACTUALIZAÇÃO DE ATRIBUIÇÃO DE NOMES DE RUA E COLOCAÇÃO DO NÚMERO DE POLÍCIA NOS PRÉDIOS

Nos últimos vinte anos, Condeixa conheceu um desenvolvimento na área habitacional,fora do comum.Vários factores influênciaram essa situação, desde a libertação de terrenos antes interditos à construção por pertencerem a zonas de reserva agrícola, até à proximidade com Coimbra, agora já não tão perto devido à difícil acessibilidade rodoviária.
Pode questionar-se o interesse social da desenfreada "febre do cimento".É verdade que trouxe para Condeixa muitos novos moradores, mas a maior parte infelizmente apenas utiliza a vila como dormitório, não se tendo integrado na vida comunitária. Há ainda a considerar o número de prédios novos que continuam devolutos e, mais preocupante,aqueles que sendo adquiridos,os seus proprietários chegaram à conclusão de que não serviam os seus interesses.A prova disso é a proliferação de placas com a designação:"Vende-se".
Mas não será este o único problema da vila.Se já era complicada a terminologia toponímica no tecido urbano antigo, esta agravou-se com as novas urbanizações. Além da ausência de placas na maior parte dos arruamentos, acresce ainda a inexistência dos números de polícia que identificam cada prédio. Por toda a parte, na vila,se depara com situações por vezes caricatas, como numa mesma rua existirem prédios com a mesma numeração, às vezes até fronteiros!Já para não falar nos casos em que foram os moradores obrigados a inventar nome e número de polícia para onde habitam!Isto ultrapassa todas as regras do bom senso!Existem normas internacionais para estas situações. Abreviadamente, dizem assim:"A direcção de uma rua deve ser considerada de Sul para Norte e de Nascente para Poente. A numeração será iniciada com algarismos para o lado direito e ímpar para o lado esquerdo.A todos os vãos de porta confinantes com a via pública e que dêem acesso a prédios urbanos que constituam unidades independentes ou respectivos logradouros, com excepção de vãos de porta de garagem ou anexos, será atribuido um número. Se posteriormente no prédio já numerado forem abertos novos vãos de porta, a estes será atribuido o número imediatamente anterior, acrescido da letra sucessiva do alfabeto.!" É tão simples como isto!
Desconheço se Condeixa tem uma Comissão Toponímica. É possivel que sim, a avaliar pelas placas que últimamente fora colocadas, especialmente em ruas da Barreira. Então, sendo a Junta de Freguesia a mesma, porque não continuar o trabalho e acabar, de uma vez por todas, com a situação caótica, nomeadamente dos carteiros, a entregar correspondência em local errado.Vamos ao trabalho! Mas façam-no com jeitinho e, sobretudo, bom senso!!!