quinta-feira, 5 de maio de 2011

MOINHOS DE CONDEIXA

O tema em título merecia um trabalho bem desenvolvido, tratado com a importância que a existência dos cerca de 40 moinhos de Condeixa exige. Não tenho capacidade literária, nem suficiente informação para trabalho de tal monta. Mas, porque entendo que o assunto tem sido sistematicamente esquecido por quem o devia tratar, arrisquei escrever o presente artigo. Pelo menos, foi a maneira que encontrei para homenagear os nossos moleiros, embora da forma ligeira que o blogue apenas permite.

Condeixa era das terras do país com mais moinhos. Não foi por acaso a escolha da padroeira, Santa Cristina, a romana mandada atirar ao mar presa a uma pedra de moinho, pelo próprio pai, por se recusar a renunciar a fé cristã.

O milho, cereal primordial na alimentação, apenas surgiu na Europa depois das Descobertas, vindo do continente americano. No entanto, certamente antes do século XVI já existiam moinhos em Condeixa, nesse caso para moer outro tipo de grão, o centeio e o trigo. Mas o advento do milho criou um ritual que formou tradição nas nossas aldeias. Quando se fazia a colheita, as espigas eram reunidas num terreiro (eira) e à noite, após os restantes trabalhos agrícolas, juntava-se um grupo de homens e mulheres formando roda para a desfolhada (ou, como se dizia em Condeixa, “descamisada”), operação destinada a retirar a capa envolvente das espigas. Estas concentrações rurais constituíam verdadeira festa. Cantava-se ao desafio, contavam-se histórias e aproveitava-se o facto de haver pouca iluminação para se roubar um beijo à conversada. Júlio Dinis, na obra “As pupilas do Senhor Reitor”, retrata bem essa forma rural de viver os trabalhos do campo, em especial as desfolhadas.
Os moinhos, em algumas terras popularmente chamados “munhos”, concentravam-se ao longo de três linhas de água, sendo que uma delas, só desde a Quinta de S. Tomé até ao Travaz, a travessia da vila, possuía quinze engenhos.

Para a existência de moinhos, era necessária a água. E isso nunca aqui faltou!

(extracto do poema “A nossa grande casa azul” de Linda Glaser e Elisa Kleven)

Partilhamos a água
Salpicamos, chapinhamos e nadamos
Na água
E todos bebemos água
Baleias, golfinhos, manatins
Pinguins, palmeiras, tu e eu
Todos partilhamos a terra
A nossa grande casa azul.


A importância da água no planeta! No caso de Condeixa, fundamental para o seu desenvolvimento, quer na irrigação dos terrenos, quer na movimentação dos moinhos e lagares de azeite. Em termos de utilização em escala industrial mais ampla, existiu só uma exploração onde a água, vinda da “regueira de Santo António” era acumulada (tanque do Galaitas)e depois enviada por um canal de desnível, a accionar o rodízio que transformava a força hidráulica em força motriz,para o descasque de arroz. Esta fábrica, interessante exemplar da era da Revolução Industrial, desde muito cedo porém passou apenas a lagar de azeite.

RIBEIRA DE ALCABIDEQUE

Formada a partir da bacia de nascente que os romanos aproveitaram para recolher a água e enviá-la, através de longo aqueduto a fim de abastecer Conímbriga, tem também o seu caudal acrescido pela ribeira de Bruscos e o ressurgimento do Ramo. Logo a partir daqui começava o aproveitamento hidráulico.
No percurso, o rio encontra a Quinta de S.Tomé, importante exploração agrícola em tempos proprietária de meia Condeixa. Um canal entrava na propriedade murada para movimentar o moinho, juntando-se depois ao rio que contornava a Quinta em direcção ao nome que então adquire: Caldeirão. No começo deste, o boqueirão do Olho a regular o caudal, permite a existência de dois canais distintos, criados artificialmente para permitir a instalação de lagares de azeite e moinhos de grão. À esquerda, o ribeiro da Serrada alimentava três moinhos e um lagar, transformando-se depois em linha de água destinada a fins sanitários, acabando por ligar-se ao rio original a jusante. À direita, outro ribeiro mais farto, accionava vários moinhos no seu percurso até à vila, passando a descoberto na Rua da Água e na Praça, aqui a tomar o nome de Rio do Cais e a continuar, Condeixinha abaixo, a caminho do Travaz. Por sua vez, o Caldeirão movia lagares e moinhos e ainda tinha tempo para formar cascata no Cigano. Lá vai seguindo, mais suave nas terras baixas da planície poente, a caminho de caudais de outra dimensão. Dizia-se que o Caldeirão era um “braço de mar”. Provavelmente! Em tempos muito remotos, seria um rio de maré, tal como o Rio dos Mouros. As margens profundas assim o sugerem. A monografia “Condeixa-a-Nova” de Augusto dos Santos Conceição, na 2ª edição apresentada por José Maria Gaspar, referindo-se a Conímbriga, diz-nos “…Só no século XVI é que alguns escritores se referem às ruínas de Condeixa-a-Velha. Frei Bernardo de Brito escreveu então as mais fantasiosas referências acerca da sua fundação e da existência das suas ruínas. No século imediato porém, Miguel Leitão de Andrade não quis ficar por menos imaginoso, pelo que afirmou que em certo ano teriam aparecido na Conímbriga – que era porto de mar – numerosas naus, donde desembarcaram aguerridos inimigos a saquear a cidade e a desbaratar os seus habitantes…”, mas acerca disto, diz J.M.Gaspar em rodapé: “ A distância dalgumas léguas a que fica o mar e a própria ondulação do terreno, não depõem apesar do enorme tempo decorrido a favor de semelhante presunção; confirma-o não se encontrarem, a qualquer profundidade da terra, quaisquer vestígios marinhos. A verdade porém é que ali perto, no Lezeirão da Ega, há muitos fósseis de origem marinha quase à superfície da terra. No rio há o “Porto das Negras” e, cinquenta anos atrás ainda corriam entre o povo alusões a raptos e roubos feitos na região por barcos velozes e poderosos… ”. (Dados históricos apenas para justificar uma teoria. No local onde actualmente estão localizados os edifícios das Piscinas Municipais, Pavilhão Desportivo e Quartel da G.N.R., existiu em tempos muito remotos, uma lagoa com provável ligação ao mar, como se pode comprovar pelo extracto geológico do monte cortado na altura da construção do IC3. Terá sido por aí que chegaram as “numerosas naus”?)
O desenvolvimento de Condeixa-a-Nova deveu-se principalmente, às muitas linhas de água que alimentam as terras úberes. Os terrenos vão-se estendendo em declive suave, evitando que as águas ganhem velocidade e mais depressa se misturem com o mar. Recuando ao tempo da fundação da nacionalidade, Afonso Henriques entregou as terras de Condeixa à guarda dos frades cruzios, com responsabilidade pelo repovoamento e arroteamento dos vastos espaços agrícolas.
Alcabideque, a principal origem das águas, já era povoação, supondo-se fundada pelos romanos, com o nome provável de “caput aque”, a que os mouros teriam aposto o sufixo “Al” e modificando o resto da grafia. Assim a cantou o poeta islâmico Abu Zeide Mohamede Ibne Mucana, no século XII:(a)
(alcabideque-2) Ó tu que vives em Alcabidek
Oxalá nunca faltem
Nem grão para semear
Nem cebolas, nem abóboras…

A agricultura, sempre referida, porque fonte de rendimento para os senhores e subsistência para o povo.
Desde tempos imemoriais, o homem serve-se dos cereais como alimentação. Para se tornar mais fácil a utilização, o grão era triturado entre duas pedras que se adaptavam à concha da mão. Evolutivamente, passou-se ao almofariz, de pedra ou madeira, e ao rebolo, constituído este por uma pedra base, rectangular, e outra redonda que se movimentava em vaivém. O movimento circular só apareceu em Roma à roda dos séculos V ou IV aC. O passo seguinte foi a invenção da mó com punho, para girar manualmente. Ainda existem algumas dúvidas sobre qual o principal meio usado inicialmente para movimentar mecanicamente as mós, se a tracção animal ou a utilização hidráulica, mas tudo indica que tenha sido esta última.
Nesse sentido, “escreve Lopes Marcelo, na sua obra “Moinhos da Baságua”: “A mais antiga referência ao moinho de água consta de um epigrama de Antípatros de Salónica que se presume ser de 85 aC, embora alguns autores o situem na época de Augusto. Tal epigrama “é uma elegia poética ao carácter feminino da moagem primitiva”. Também Luís Filipe Rosa Santos, na obra "Os moinhos de maré da Ria Formosa" refere o mesmo epigrama, dizendo: «Sossega as tuas mãos, oh! Mulher que fazes girar a mó! Dorme bem, mesmo que o galo anuncie a aurora, porque as ninfas, por ordem de Deméter, fazem o trabalho que ocupava teus braços: atira-se sobre a roda e os seus raios, forçando em volta o eixo que põe em movimento o peso das mós côncavas de Nysiros!» “Trata-se inequivocamente de um moinho hidráulico de rodízio com a particularidade de fazer referência à disponibilidade que este novo engenho permitia ao homem, neste caso às mulheres que teriam a seu cargo a farinação dos cereais.”
Pensa-se que remonta ao século XIII a existência em Portugal dos primeiros moinhos de vento. Em Condeixa ainda se pode ver um destes, bastante degradado, na Serra de Janeanes. Não é de cúpula giratória tipo moinho mediterrânico, mas sim construído para que fosse toda a estrutura a movimentar-se. Na sua base estão colocadas rodas de pedra que corriam num leito de lajes colocadas ao redor do moinho. Deste modo, o moleiro colocava o engenho na posição mais favorável à tomada de vento para as velas. Na freguesia do Bom Sucesso, Figueira da Foz, existe um moinho idêntico, completamente restaurado, como demonstra a fotografia.
Voltando aos moinhos de água, primitivamente a impulsão do rodízio horizontal dava-se na parte inferior dele, o que implicava a necessidade de impulsão liquida bastante forte, que nem sempre era conseguida. Assim, quando foi inventado um novo método que consistia na condução da água através de canal que impulsionava as pás do rodízio pela parte superior, obtendo-se com menos água maior capacidade motriz para movimentar, não só moinhos, mas também lagares, serras mecânicas e outros engenhos, vulgarizou-se o sistema que chegou aos nossos dias, com as inevitáveis e necessárias alterações.
O moinho de cereal, na sua simplicidade aparente, é um engenho complexo. Desde a tomada de água, até ao processo da moagem do grão, todas as operações são cuidadosamente estudadas e executadas, para que resulte em pleno o trabalho do moleiro e a obtenção do produto final, a farinha. A água dos ribeiros era conduzida por um canal, a “levada”, no extremo da qual havia uma “comporta” para regular a entrada, descendo ela por uma conduta até à casa dos rodízios, onde saía em pressão pela abertura chamada “seteira” e impulsionava o rodízio que, por sua vez possuía um veio vertical. Este atravessava o olho da mó de baixo (dormente), e suportava com a “segurelha” a mó de cima (movente ou andadeira) para triturar o grão.
As mós eram anéis maciços de pedra. Condeixa-a-Velha contribuiu enormemente para a produção de mós, chegando a fazer exportações para o estrangeiro porque era grande a qualidade da pedra. Ainda hoje é possível observar um dos locais onde ela se retirava e se trabalhava, junto às Ruínas Romanas de Conímbriga.
A duração de uma mó dependia da qualidade da pedra, mas variava entre cinco e dez anos. O desgaste provocado pelos cereais, a regular picagem que se fazia para aumentar a capacidade de moagem e o atrito, deixavam as mós reduzidas na espessura, sendo necessário proceder-se à sua substituição. Ainda assim, eram aproveitadas para lajear o piso das casas ou reforçar as paredes, como aconteceu na casa actualmente de Fortunato B. Pires da Rocha, cujo avô, como proprietário das pedreiras de Condeixa-a-Velha, utilizou bastantes mós na construção do seu prédio.
O interior da casa do moinho era dominado pela presença do engenho de farinha, composto pelas duas mós e pela “moenga”, armação em madeira de aspecto rudimentar, mas bastante funcional. Tinha a forma de gamela ou pirâmide invertida, sem topos. Nesta caixa era colocado o cereal a moer. O grão saía para a “quelha”, peça de madeira com o feitio de caleira e tombava no “olho da mó andadeira". Para que o cereal caísse regularmente, existia uma peça, o “tangedouro”, normalmente obtida de um pequeno ramo curvo de árvore, fixo à peça que se apoiava na “quelha” e assente sobre a mó. A rugosidade e rotação desta imprimiam o movimento continuo de oscilação necessária à caída do grão, função importante porque se caisse pouca quantidade, as pedras aqueciam e queimavam a farinha, além de provocar maior desgaste das mós; caso contrário, a farinha empapava as pedras, provocando a paragem súbita do rodizio e provovando neste graves avarias. As mós possuíam sulcos concêntricos destinados a impulsionar o grão no sentido da moagem e, por efeito centrífugo, fazer a saida da farinha para a caixa, “tremonhado”, colocada na frente do engenho, sendo depois metida em “taleigas”, sacos de pano onde era armazenada. Toda a estrutura da “moenga” estava suportada por barrotes de madeira, corda e arame.
O MOLEIRO
Falando de moinhos, tem de se referir o profissional que tudo fazia, desde preparar a condução da água, até entregar a farinha aos clientes e trazer de volta o cereal para moer. Lopes de Macedo, na sua obra "Moinhos da Baságueda”, pág. 60, diz assim: “Tal como os restantes ofícios, a profissão de moleiro estava sujeita a normas de regulamentos ou leis avulsas, Regimentos Municipais e Códigos de Posturas. Em termos de registos que chegaram até aos nossos dias, destaca-se a região norte, em particular a zona de Guimarães." Em destaque, tem ainda a seguinte e curiosa nota: "Os moleiros, assim de trigo como de broa eram obrigados a terem os seus guarda-pós(os panais de protecção da farinha que vai saindo das mós)em panos "que não esponjem",ou em estopa, fechados e cobertos por uma esteira;e seus tremonhados(locais para onde cai a farinha)"bem varridos e limpos",para o que terão sempre "suas vassouras ou juncos";e não terão nos seus moinhos galinhas,nem cães,nem porco,mas sim,pelo contrário,ratoeiras armadas e um gato. (do Regimento municipal de 1719 e Acta de 1829 (Guimarães).Transcrito do livro Sistemas de Moagem,SNIC,Centro de Estudos de Etnologia,pág.93".
O moleiro era auxiliado no seu trabalho pela mulher e filhos, que dividiam entre si as muitas tarefas. Não implica, contudo que o trabalho deixasse de ser exaustivo! Como já disse, periodicamente tinha de proceder-se à desmontagem das pedras para a picagem. Este serviço era executado pelo próprio moleiro, bem como a reparação de todo o conjunto bastante pesado do rodízio. Este estava assente numa barra, a “ponte”, com um furo central onde encaixava o “aguilhão”. A ponte era comandada por um veio vertical, o “aliviadouro”. Na casa do moinho, existia uma manivela que subia ou descia o “aliviadouro”, permitindo a afinação das mós. Da distância entre estas, dependia a qualidade da farinha. O moleiro conhecia tão bem o seu moinho que bastava a alteração do “cantar” das mós, para saber o seu estado e se tinham grão suficiente para moer. No entanto, porque as diversas tarefas podiam eventualmente distrair-lhe a atenção, era comum utilizar um estratagema que consistia em colocar um pedaço de cortiça preso a uma corda, com chocalho na ponta. A cortiça era metida no meio do grão. Quando ele começava a escassear, o chocalho caía sobre a pedra e, ao soar, avisava o moleiro.(moinho)
A farinha é a base da alimentação quer através do pão, quer mesmo utilizada directamente na culinária, por exemplo, nas “papas laberças", prato que se obtem juntando a farinha à sopa já confecionada. O nome “pão” é genérico de toda a alimentação. No entanto, é especificamente aplicado ao “bolo" de farinha de trigo ou centeio. Sendo de milho, já se chama broa. Para cozer o pão ou a broa, os lares de melhores condições sociais possuiam forno próprio, aquecido com lenha.Tinham o feitio abobadado e apenas uma porta. Mas também existiam fornos comunitários. Em Condeixa eram chamados "fornos da poia", locais onde as familias mandavam cozer o "pão" laborado em casa. Sendo terra de moinhos, Condeixa tinha também muitos fornos comunitários. A actual Rua 25 de Abril chamou-se outrora Rua dos Fornos, depreende-se por que razão. Na Serrada e no Outeiro, existiram “fornos da poia”, no entanto, o forno mais conhecido era o da Ti Prazeres, localizado onde hoje se encontra um dos estabelecimentos de fotografia de Delfim Ferreira, à entrada da Rua Manuel Ramalho, junto às instalações da Santa Casa da Misericórdia.
Muito mais coisas deviam ser ditas sobre os moinhos de Condeixa e todas as actividades a eles directamente ligadas. Conheço várias obras versando este assunto, nenhuma de Condeixa! Não será já tempo de a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia ou qualquer outra entidade responsável, decidir mandar fazer e publicar um estudo sobre os Moinhos de Condeixa, enquanto é possível obter espólio fotográfico e informação fiel de pessoas ligadas ao tema?

- VOCABULÁRIO DOS MOINHOS-

AÇUDE- Construído em pedra, serve para represar a água do rio ou ribeiro.
LEVADA- Canal que tem origem no açude e transporta a água até à represa.
REPRESA- Local onde é recebida a água vinda do açude.
AGUEIRA- Canal condutor da água em cascata para o rodízio.
CUBO- Cabouco na parte inferior do moinho, onde está colocado o rodízio.
SETEIRA- Peça existente ao fundo da agueira, de onde sai a água projectada para o rodízio.
ZORRA- Peça de apoio ao rodízio.
PEGADOURO- Tábua que comanda a direcção da água.
COMANDO DO PEGADOURO- Serve para movimentar e parar o moinho.
RODIZIO- Roda com movimento horizontal, ligada à mó por um veio.
TAPUME- Tampão regulador da entrada da água para a agueira.
PEDRA- Mó em granito.
CUNHAS DA AGULHA- Tacos reguladores do controle e levantamento da pedra.
MOENGA- Peça em madeira, quadrada ou rectangular, onde é colocado o grão.
CALEIRA- Peça em madeira ou cortiça. Recebe o grão da moenga para o olho da mó.
TREMONHADO- Lugar para onde cai a farinha da mó.
ALQUEIRE- Medida em madeira que serve para medir os cereais.
TALEIGO- Saco em pano onde é transportado o grão ou a farinha.
MAQUIA- Parte retirada para o moleiro. Corresponde ao pagamento do seu trabalho.
TREMONHA OU QUELHO- Peça de madeira colocada no fundo da moenga.
RELA OU CHAMADOURO- Peça destinada a oscilar o quelho, para a queda do grão
SEGURELHA- Peça em ferro que suporta a mó “movente”.
VEIO- HASTE e PELA- Veio vertical que transmitia a rotação do rodízio à mó.
PENA (em Condeixa, chamada Badana)- Cada uma das hélices do rodízio.
PONTE- Barrote horizontal onde apoiava o aguilhão do rodízio.
TRAVE DO ALIVIADOURO- Veio vertical ligado à trave da ponte.
ALIVIADOURO- Manivela no interior do moinho, que comandava a ponte.
AGUILHÃO- Ponta metálica que apoiava o rodízio na zorra.

(a)-No volume “Tecnologia Tradicional Portuguesa-Sistemas de Moagem”, de Ernesto Veiga de Oliveira, Fernando Galhano e Benjamim Pereira, afirma-se que o poeta islâmico se referia a Alcabideche, povoação do concelho de Sintra. Sem dados que me permitam formar opinião concreta, permito-me, no entanto, discordar de tal afirmação.

Quero deixar o meu agradecimento a António da Costa Pinto, fotógrafo condeixense, pela cedência das fotografias de moinhos e a Carlos Alberto Azenha, pelo empréstimo de livros que me facultaram a necessária informação técnica.

Condeixa, Abril de 2011
Cândido Pereira