Enquanto não acabo uma arriscada crónica versando determinado tema que tem sido lamentávelmente esquecido por quem devia ter responsabilidade para o fazer, recordo mais alguns poemas de Ramiro de Oliveira, o poeta de Condeixa que até à hora de partir nunca deixou de cantar a sua terra.Com a ajuda musical de seu pai,Mestre António de Oliveira e de seu irmão,Maestro Saúl de Oliveira Vaio,escreveu letras de canções ainda hoje na memória dos condeixenses.O tema água e os consequentes moinhos, aguçaram-lhe o estro.Daí a surgirem lindas canções,foi apenas um pequeno passo,no universo musical condeixense.Lamento não ter possibidade de colocar aqui também,além das letras, a própria música.Então sim,estaria feita justiça aos inspirados autores.
MOLEIRINHA,música de António de Oliveira
A água canta no rio...
E ouve-se a pedra alveira
A cantar ao desafio
Com a filha da moleira
É assim que a moleirinha
(a mais linda do lugar)
A lidar com a farinha
Passa os dias a cantar.
Essa cara tão bonita...
Só tem amor e carinho
(Quase ninguém acredita)
À pedra do seu moinho!
É que ambas no mesmo trilho
Vão desfazendo ilusões
Uma desfaz grãos de milho...
Outra desfaz corações!
BALADA DA FONTE,música de António de Oliveira
O fio d'água
Que a fonte deita
Procura,espreita
Um companheiro
E para o mar
Seguem depois
Formando os dois
Um só ribeiro
Pelo caminho
Outros ribeiros
Descem de outeiros,
Serras e montes!
Junta-se a água
E a palrar
Lá chega ao mar
A voz das fontes
Refrão
Voga nas ondas...
Canta bailando...
Vai-se embalando
Conta segredos!...
Cristal da fonte
Não te receio!
Mas acho feio
Tantos enredos!
E para terminar esta evocação, a Marcha que ninguém esqueceu...
MARCHA DE CONDEIXINHA
Cá vai a marcha
De Condeixinha
Traz a Lapinha
Traz o Travaz!...
Em cada canto
Palra um moinho
Que é um velhinho
Feito rapaz!
Bairro das fontes
E das levadas,
Enamoradas
Que lhe dão vida!
Onde o sol reza
Todos os dias
Avé Marias
Por despedida!
Refrão
Se queres subir a ladeira
(Que a água desce a cantar)
Sem enfado nem canseira
Vai lá buscar o teu par!
Na boca das raparigas
Deste bairro encantador
À mistura com cantigas
Andam promessas de amor!
Ainda não sei que título dar à crónica a escrever...