A Balada da Neve,de Augusto Gil, é um dos poemas mais divulgados em Portugal. Incluido em diversos manuais escolares,faz parte do meu imaginário, como o fará de tantas outras pessoas que o leram ou declamaram em récitas de Escola.
O grande João Villaret "dizia-o"com a simplicidade que os versos sugerem,mas, simultâneamente, com a ternura comovente do seu final.
Nesta tarde calma de verão,deu-me para comentar em verso este lindo poema.
"Batem leve,levemente..."
Os livros antigamente
Tinham histórias e poemas
Recordo ainda temas
Que ensinavam a gente
A gostar do que se lia
Fosse prosa,poesia
Teatro de Gil Vicente
"Como quem chama por mim..."
É uma coisa que se sente
"Será chuva,será gente
Gente não é certamente
E a chuva não bate assim..."
Da cabeça não saía
O dia envolto num véu
"Fui ver, a neve caía
Do azul cinzento do Céu..."
Como é linda, a neve!
"Branca e leve,leve e pura..."
É bela a sua brancura
De noite, parece dia!
"Há quanto tempo a não via
E que saudade, Deus meu!..."
Meu bafo a janela embaça
"Passa gente e quando passa..."
Os dias parecem iguais
"E noto,por entre os mais
Os passos miniaturais
Duns pézinhos de criança..."
Recordo os versos sofridos
"E descalcinhos,doridos
A neve deixa 'inda vê-los
Primeiro,bem definidos
Depois, em sulcos compridos
Porque não podia erguê-los..."
Sofra o mundo,em redor
"Mas as crianças,Senhor!
Porque lhes dais tanta dor
Porque padecem assim..."
Não era p'ra mim surpresa
O final da oração
"Uma infinita tristeza
Uma funda turbação
Entra em mim,fica em mim presa
Cai neve na Natureza
E cai no meu coração!"
Condeixa,14 de Agosto de 2011
Cândido Pereira
Gostei!
ResponderExcluirUm abraço,
Zé Veloso
Muito obrigado.E para quando outra didáctica e recordativa crónica do Penedod@Saudade?Aguardo com o mesmo entusiasmo de sempre.Cumprimentos.Cândido Pereira
ResponderExcluirOs labios são dois imans de desejos.
ResponderExcluirA bocca, então, é calix de venenos
Com infusão de beijos.
Eu, se o mortal licor provasse ao menos
Alguma vez sómente,
Envolto já nas sombras da agonia
Ainda um beijo mais lhe pediria
—Para morrer contente…
(...)
Augusto Gil, in Musa Cerula